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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Um lugar ao sol para a Vitamina D

Ela é fundamental tanto para a mulher grávida quanto para um atleta campeão olímpico. Sua escassez provoca imensos problemas de saúde, mas tê-la em excesso também. Serve ao bebé recém-nascido e ao idoso. É fundamental para o obeso e para o magro. Poucas substâncias servem tão completamente ao organismo quanto a vitamina D.

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A temporada dos corpos à mostra, com o verão e as férias, é o momento mais adequado para a compreensão do funcionamento da chamada vitamina do sol. Pode até chover hoje e amanhã, mas, dos 89 dias do verão brasileiro, 85 serão ensolarados em Natal, 81 em João Pessoa, 66 no Rio de Janeiro; 65, em Porto Alegre; 60, no Recife; 46, em Brasília; e 45, em São Paulo.

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Até 10 anos atrás, a vitamina D estava associada, sobretudo. à manutenção de um esqueleto forte. As descobertas mais recentes da medicina, no entanto, indi­cam que praticamente todos os tecidos e órgãos se beneficiam dela. "Direta ou indiretamente, a D está relacionada a pelo menos 2.000 genes, o que compro­va a sua vasta gama de benefícios ", dis­se a VEJA o endocrinologista america­no Michael Holick, professor da Universidade de Boston, grande pesqui­sador do assunto e autor do livro "Vita­mina D — Como um Tratamento Tão Simples Pode Reverter Doenças Tão Importantes ".

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A vitamina D faz o nosso coração bater no ritmo adequado e nossas artérias e veias pulsarem em compasso. É ela que nos garante força muscular e nos protege contra infecções, infartos e derrames, diabetes e alguns tipos de câncer. A falta dela desregula o sistema de fome e saciedade e nos faz engordar, e de morrer de vergonha de vestir o biquíni e o calção na praia.

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Chamar a D de "vitamina" é um equívoco de origem histórica. Isolada em 1922, a substância foi denominada vitamina porque, acreditava-se, só poderia ser obtida por intermédio da alimentação, em especial do óleo de fígado de bacalhau. As vitaminas são compostos essenciais à saúde, mas não podem ser sintetizadas pelo nosso organismo. Ela foi batizada de D porque era a 4ª substância do tipo a ser descoberta – depois das vitaminas A, B e C. A partir da década de 70, os pesquisadores, entre eles, Michael Holick, observaram que o corpo humano, ao contrário do que se supunha, poderia, sim, produzir vitamina D. Ou seja, a vitamina D não é uma "vitamina", mas um hormônio.

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Existem basicamente 3 formas de estimular o organismo a fabricar vitamina D. Sem sombra de dúvida (com o perdão do trocadilho), o sol é a principal delas. Uma pessoa de pele morena-clara, olhos e cabelos castanhos, como a atriz Débora Nascimento, precisaria de 10 a 15 minutos nas areias cariocas, entre 11 horas da manhã e 1 hora da tarde, 3 vezes por semana, sem protetor solar, para sintetizar a substância.

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Ao incidir sobre a camada mais superficial da pele, a epiderme, a radiação solar deflagra uma cascata de reações químicas que resulta na síntese da vitamina, em sua forma ativa, pelos rins. Dessa forma, a meia-vida da substância no corpo humano é de 4 a 6 semanas – o dobro da duração da que pode ser obtida com a suplementação feita por intermédio da dieta ou de cápsulas. “Como a vitamina D é solúvel na gordura, ela é armazenada no tecido adiposo e liberada mesmo durante o inverno, permitindo níveis suficientes da vitamina durante o ano todo ”, explica Michael Holick. O sol ideal para a substância é o mais abominado pelos dermatologistas – do meio-dia às 2 horas da tarde, sem proteção. Nesse período, predomina a incidência dos raios ultravioleta B (UVB), aqueles que, em excesso, nos deixam vermelhos como pimentão, e são o principal fator de risco para o câncer de pele.

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Dá-se, aí, um dilema monumental, um dos mais fascinantes da medicina atual. A partir da década de 80, começaram a surgir as primeiras associações entre os banhos de sol sem proteção e o aumento no risco de câncer de pele. Desde então, os dermatologistas preconizam que não se saia de casa sem besuntar o corpo (o rosto, principalmente) com filtro solar. O que fazer então diante das evidências de que, para a fabricação de uma substância tão crucial, como a vitamina D, é preciso, ainda que por pouco tempo, tomar sol sem protetor? Os médicos ainda não chegaram a um consenso, mas há pistas. “Não existem pesquisas sobre os perigos em longo prazo das curtas exposições ao sol para o câncer de pele ”, diz Adilson Costa, chefe do serviço de dermatologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

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Mas muitos dermatologistas preferem não arriscar e recomendam a seus pacientes o uso de suplementos à base de vitamina D, ou o prolongamento da exposição sem protetor nos períodos de sol mais fraco, como o início da manhã e o fim da tarde. Outros especialistas, no entanto, são menos conservadores. “Poucos minutos de sol intenso, seguidos de proteção solar adequada, não são suficientes para causar câncer de pele em longo prazo ”, afirma Omar Lupi, vice-presidente do Colégio Ibero-Latino-Americano de Dermatologia.

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Entretanto, todos são unânimes em afirmar que pessoas vítimas de câncer de pele ou com histórico familiar deste problema não devem se expor ao sol sem tomar os devidos cuidados. Dos tipos de câncer de pele, o sol está associado ao mais comum deles, com 25% dos 518.000 casos da doença no Brasil. Não se trata da versão mais letal dos tumores de pele, o melanoma. A radiação solar nada tem a ver com esse tipo de câncer. Ao que tudo indica, aliás, conforme os mais avançados estudos sobre o assunto, o sol pode até ser fator de proteção contra o melanoma.

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O protetor solar dos sonhos seria aquele que fosse capaz de nos proteger do sol e, ao mesmo tempo, permitir a produção pelo organismo da vitamina D. Mas t por enquanto, parece impossível aos especialistas. Afinal, o mesmo Raio UVB, que causa o câncer, é o que deflagra a síntese da vitamina. Então, como separar uma ação da outra? Os estudos mais avançados em termos de proteção solar investigam a fabricação de produtos compostos de nanopartículas, os filtros inteligentes. Ao penetrarem nas camadas mais profundas da pele, eles teriam ação prolongada e dispensariam a necessidade de reaplicar o protetor a cada 2 horas, e sempre depois do banho de mar ou da piscina.

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Apesar da fartura de sol no Brasil, a escassez de vitamina D na população é preocupante. “Cerca de 50% dos brasileiros com menos de 50 anos apresentam deficiência de vitamina D ", diz Marise Lazaretti, chefe do Grupo de Doenças Osteometabólicas da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo. E entre os idosos, o contingente chega a 80%. Este é, em grande parte, o resultado de anos de medo da exposição solar. Também é necessário levar em conta que a vida urbana nos afasta do convívio com o sol. Vivemos trancados nos escritórios. presos no trânsito. As crianças ficam muito tempo diante da televisão e do computador. Nessas condições, em casos de deficiência, é necessário recorrer à suplementação com cápsulas de vitamina D. Não é possível garantir essas doses extras por meio da dieta. São poucas as fontes ricas em vitamina D, capazes de assegurar uma alimentação diária equilibrada. Para alcançar níveis suficientes, por exemplo, seriam necessário consumir diariamente 3 latas de sardinha, 2 postas generosas de salmão ou de 50 a 100 gemas de ovo!!! 

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2 tipos de vitamina D: o ergocalciferol (ou vitamina D2), de origem vegetal, e o colecal-ciferol (ou vitamina D3), encontrado nos animais, e que também é produzido pelos seres humanos. Os suplementos podem ser feitos a partir de qualquer uma destas fontes e são igualmente eficazes. No Canadá, onde em algumas regiões o inverno chega a durar 7 meses, por determinação do governo a indústria alimentícia produz leites e margarinas enriquecidos com vitamina D. Produtos desse tipo são comuns também nos EUA e na Europa. Mas no Brasil, aparecem timidamente nas gôndolas.

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Os médicos começaram a se preocupar com a falta de vitamina D no início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII. À medida que as famílias trocavam o trabalho no campo pelas fábricas, afastavam-se da energia solar e começavam a ter mais problemas de saúde. Datam desse período os primeiros relatos médicos de raquitismo, problema ósseo decorrente da deficiência da vitamina, comum em crianças. A doença não só retardava o crescimento como deixava suas vítimas mais suscetíveis a infecções, como a tuberculose. O raquitismo atingiu proporções epidêmicas na Europa, e em alguns estados americanos do norte. De cada 100 crianças que moravam em regiões industrializadas, 80 sofriam da doença. No início do século XX o banho de sol era prescrito pelos pediatras tal qual um remédio. Quase 2 séculos depois, a medicina volta a eleger a vitamina D como um dos mais potentes aliados da boa saúde. Uma das frentes mais interessantes das pesquisas é aquela que investiga o papel da substância na prevenção de vários tipos de câncer – mama, intestino, próstata e ovário, entre outros. A vitamina D funciona como uma espécie de sentinela da multiplicação celular. No caso de proliferação exagerada das células, ela induziria à apoptose – um mecanismo de defesa no qual células potencialmente malignas “cometem suicídio”. Graças a esse poder da vitamina D, especialistas sugerem que os "banhos de sol controlados" poderiam prevenir, só nos Estados Unidos, 185.000 novos casos de câncer todos os anos.

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Cuidados diferentes para cada tipo de pele

O tempo de exposição solar necessária para a síntese de vitamina D pelo organismo é determinado a partir do cruzamento de uma série de situações: a estação do ano, o tipo de pele, a localização geográfica e o horário do dia. Com base nas escalas desenvolvidas pelo pesquisador americano Michael Holick, a revista VEJA desenvolveu um sistema para determinar a atenção que cada pessoa deve ter ao se expor ao sol durante o verão, conforme a região em que ela se encontra, abaixo ou acima do Trópico de Capricórnio. No primeiro grupo, estão o sul e a região metropolitana de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o extremo sul de Mato Grosso do Sul. No segundo, estão todas as outras regiões do Brasil.

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Cuidados precoces

Durante as férias, o tempo que a garotada fica sob o sol costuma aumentar. Mas atenção que seja na praia, na piscina ou no clube, os pequenos não podem ficar expostos sem proteção. “As crianças possuem uma pele mais fina que a dos adultos, e seu sistema produtor de melanina não está completamente amadurecido ”, diz o dermatologista Adilson Costa, da PUC de Campinas. Pigmento natural da pele, a melanina funciona como uma espécie de filtro solar. Por conta dos componentes químicos dos protetores, as crianças só podem usar esse tipo de produto a partir dos 2 anos. Antes dessa idade, a proteção ideal se faz com guarda-sol, roupa e chapéu.

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O sol mais seguro é o de antes das 10 horas e depois das 16 horas. E como fica a vitamina D em meio a tanta proteção? Quase 10% das crianças e dos jovens de até 21 anos nos EUA possuem deficiência da substância. Um estudo recente mostrou que as crianças com doenças graves são, em sua maioria, as que têm os maiores déficits de vitamina D. “É correto o pediatra solicitar que a criança seja submetida a exames de dosagem de vitamina D no sangue”, diz Kerstín Taniguchi Abagge, presidente do departamento científico de dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Em caso de escassez, é preciso recorrer à suplementação.

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8 PERGUNTAS ESSENCIAIS

01.  É possível obter as quantidades mínimas necessárias de vitamina D somente peia alimentação?

Não. A variedade de alimentos ricos em vitamina D é muito pequena, e fica impossível manter uma alimentação equilibrada (e portanto saudável) a partir de uma dieta baseada em salmão, gema de ovo ou shiitake. “O brasileiro consome cerca de 1/10 da vitamina D recomendada ”, diz a endocrinologista Marise Lazaretti. Além disso, o modo de preparo dos alimentos interfere na quantidade de vitamina D contida neles. Quando frito, o salmão perde até 50% do micronutriente se comparado a quando ele é assado, cozido ou grelhado.

02.  Há pelo menos 20 anos os médicos advertem que tomar sol sem proteção constitui fator de risco para o câncer de pele. Agora, defendem a ideia de que, para obtermos a vitamina D necessária para o bom funcionamento do organismo, devemos abrir mão do protetor. O que fazer, afinal?

O argumento de que o organismo só produz vitamina D mediante a exposição solar sem proteção não deve ser interpretado como um “liberou geral”. Estatelar-se sob o sol, sem nenhum cuidado, é proibidíssimo. Recomenda-se que no verão brasileiro a duração dos banhos de sol para a obtenção de vitamina D vá até 45 minutos, no máximo, conforme o tipo de pele, a latitude e o horário. Alguns dermatologistas argumentam que, apesar de não existirem estudos sobre o assunto, os banhos de sol desprotegidos, ainda que rápidos, podem, sim, deflagrar o câncer de pele. Todos são unânimes, no entanto, ao condenar categoricamente a prática por pessoas com histórico de câncer de pele na família ou que já tenham sido vítima da doença.

03.  Qual é o melhor sol para a síntese de vitamina D?

É aquele que os dermatologistas mais temem – o sol de verão, entre o meio-dia e as 2 da tarde, sem proteção. Durante a manhã e no final da tarde, o percurso dos raios solares através da atmosfera é oblíquo, de modo que a intensidade da radiação é menor. Além disso, os raios são mais fortes na linha do Equador, dada a perpendicularidade do Sol em relação à Terra. Dependendo do fator de proteção do filtro solar, os protetores disponíveis hoje no mercado podem reduzir em até 99% a fabricação de vitamina D.

04.  Por que o tempo de exposição ao sol varia também conforme o tipo de pele?

Quanto mais escura for a pele, mais difícil será a produção de vitamina D pelo organismo. Essa dificuldade se explica pela presença em maiores quantidades de melanina, o pigmento natural da pele, que funciona como uma espécie de filtro contra a radiação solar. Os negros, por exemplo, precisam ficar 10 vezes mais tempo expostos ao sol sem proteção para que produzam o mesmo volume de vitamina D do que as pessoas de pele clara.

05.  É preciso expor todo o corpo ao sol para a produção adequada de vitamina D?

Não. Basta expor os braços e as pernas ao sol, 3 vezes por semana. Isso corresponde a deixar aproximadamente 25% da área total do corpo sob a radiação solar. Quando se está de biquíni ou calção, a porção do corpo descoberta chega a 75%, o que diminui consideravelmente a necessidade de exposição ao sol sem proteção. A radiação diretamente sobre o rosto sem filtro está terminantemente proibida. Do ponto de vista da fabricação de vitamina D, não faz diferença, já que o rosto não chega a 10% da área total do corpo.

06.  O sol que tomamos enquanto estamos no trânsito é suficiente para a síntese de vitamina D?

Os raios ultravioleta do tipo B (UVB), aqueles capazes de ativar a síntese de vitamina D, não conseguem atravessar o vidro. Nos dias nublados, há uma redução de até 50% na fabricação de vitamina D. A poluição também é outro obstáculo. Um estudo feito na Índia revelou que nas cidades com ar mais poluído, as pessoas produzem 54% a menos de vitamina D do que nas cidades limpas.

07.  Os idosos produzem vitamina D na mesma intensidade que os mais jovens?

Não. Com o avançar da idade, o organismo funciona num ritmo mais lento. A quantidade de vitamina D produzida por uma pessoa de 70 anos é, em média, 1/4 da que é sintetizada por um jovem de 20 anos. “Por isso, a indicação de suplementação aumenta conforme a idade ”, diz Sérgio Schalka, dermatologista da Universidade de São Paulo (USP).

08.  É possível substituir o sol pela suplementação de vitamina D?

Sim. A suplementação é muito comum em regiões do Hemisfério Norte onde o sol é escasso. Nesses locais, durante o inverno, a síntese de vitamina D pode ser completamente interrompida.

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Onde encontrar a Vitamina D:

A sua quantidade é medida em unidades internacionais (UI). 1 UI eqüivale a 0,00025 miligramas

Sol – 3 a 5 minutos – 7.000 UI

Óleo de fígado de bacalhau – 1 colher de sopa – 1.360 UI

Cogumelo Shiitake – 50 gramas – 800 UI

Salmão – 1 filé 100 gramas – 794 UI

Atum – 1 posta 100 gramas – 154 UI

Ovo (gema) – 1 unidade – 26 UI

Fonte: Revista Veja

 


Pulseira folheada a prata c/ adorno em filigrana e strass (cores sortidas)


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